domingo, 28 de março de 2010

MTV Debate - Daime

Outras opiniões sobre o uso ritualístico do AYAHUASCA
Lázaro Freire
psicanalista transpessoal e colunista em diversos sites sobre assuntos espiritualistas.
Defendo o respeito à RELIGIÃO, seja ela qual for. Mas isso não é o mesmo que ignorar os efeitos de uma substância (daime, hoasca, ayahusaka, chá de DMT) usada nos ritos de Santo Daime (uma religião). Minha crítica se dá no campo físico, químico e psicológico - e não na esfera da crença religiosa atribuida aos efeitos posteriores. Os fins não podem ignorar os meios.
Sou, portanto, a favor da preservação dos ritos amazônicos originais em contexto ídem, mas sou contrário à popularização urbana indiscriminada fora de contexto - que se faz, por exemplo, nas periferias das grandes cidades, seu "público alvo".
Daime abre as portas do inconsciente. Pode ser bom ou ruim. Nem todos estão preparados para lidar com isso. Não é por acaso que nossos mecanismos psíquicos tem o nome de "defesas". Jung lembra que a neurose é uma cura, e não raro levamos 10 anos a desenvolvendo, justamente para evitar a psicose. Tomar daime para alguns traz o risco de retirar as colunas psíquicas... e fazer o teto cair sobre suas cabeças. È preciso estar preparado, como todo xamã (autêntico) sabia.
O termo "enteógeno" é um eufemismo não oficial que só é usado pelos defensores, e significa na prática uma finalidade para o alucinógeno, não uma classificação química. Foi cunhado pelos adeptos de Timothy Leary, Stanilav Grof e Robert Anthony Wilson, eles mesmos defensores e usuários assumidos do LSD nos anos 60-70, para os mesmos fins do daime.
Não falo sem conhecer. Como psicanalista, espiritualista e pesquisador, já experimentei ayahuasca mais de uma vez, e em locais diferentes. Também pesquisei algumas outras drogas, e acompanho pacientes e relatos de várias substâncias. Conheço tanto a estrutura do contato "divino" alegado, quanto o efeito das drogas, quanto o que caracteriza uam esquizofrenia ou psicose. Não há resposta simples, mas me parece que o daime é droga E religião, sendo necessário discernir os limites e campos de cada uma.

Antropóloga Bia Labate: uso religioso do ayahuasca


Folha online
FABIO ANDRIGHETTO
colaboração para a Livraria da Folha

www.bialabate.net

Livraria - Qual a importância da música nos rituais das religiões ayahuasqueiras?

Beatriz Labate - É uma manifestação cultural muito rica. A música de ayahuasca revela uma multiplicidade de conexões com a religiosidade brasileira e expressões musicais do nordeste e da Amazônia, e tem sido um dos principais elementos destacados no recente processo de pedido de reconhecimento da ayahuasca como patrimônio cultural imaterial da nação brasileira. A música ocupa um papel preponderante no cotidiano dessas religiões, na produção dos significados religiosos e na construção do corpo e da subjetividade dos adeptos. No Santo Daime, particularmente, temos rituais de concentração, ou bailados. Nos dois tipos, se cantam hinários. O hinário é um conjunto de hinos, cantos religiosos que são "recebidos", que dizer, são considerados uma revelação espiritual. O hinário contém a cosmologia e os ensinamentos da doutrina do Daime. Os principais líderes têm o seu próprio hinário, que narra sua trajetória pessoal e espiritual e se refere a momentos específicos da vida da comunidade. O Glauco era músico [sanfoneiro] e tinha o seu próprio hinário, o "Chaverinho" e o "Chaveirão", compostos por 42 e 11 hinos [cantos] respectivamente.

Livraria - Como você analisa a morte do Glauco?

Beatriz Labate - Fiquei profundamente chocada e triste. Parece que houve uma combinação infeliz entre uma dupla projeção: a de um artista famoso, e de uma liderança religiosa importante. Mas o pior é ver como determinados setores da mídia se aproveitam da tragédia para trazer à tona uma velha agenda persecutória a estes grupos, que já são uma minoria bem marginalizada.

Quando uma pessoa se explode em nome de sua religião, matando outras, ou quando um fiel atira no Papa, questiona-se o radicalismo, mas não a legitimidade da religião em si. Por outro lado, imagine quantas pessoas morrem por noite em SP em acidentes de trânsito envolvendo o uso de álcool? Quanto rende uma reportagem sobre alguém que "bebeu cerveja e matou"? Ou sobre os abusos relacionados ao consumo dos fármacos legais? É claro que precisamos fazer uma análise crítica do episódio, mas infelizmente a discussão envolvendo o uso de "drogas" dificilmente é racional, pois envolve fortes tabus. Por outro lado, uma religião minoritária, não hegemônica, é outra fonte forte de preconceitos.

Foto: www.entheogene.over-blog.com

sábado, 27 de março de 2010

Museu é o Mundo. Hélio Oiticica no Itaú Cultural

Como não vibrar com a obra de Hélio Oiticica ao vivo e em cores? Por anos vislumbrei bólides, parangolés, penetráveis e toda parafernália do maior artista plástico brasileiro (prá mim) através de livros, fotos e internet. O maior presente foi estar lá, no Itáu Cultural e poder tocar, interargir, intervir no contexto do herói e do marginal, inspirador da Tropicália.

Na concepção do artista tudo é exatamente o que parece ser. A intenção é extrapolar os limites intelectuais e reconhecer o que é significativo aos olhos do expectador, que deixa de cumprir o papel de simples observador e passar a viver o de cúmplice, experimentando, interagindo e compartilhando da sua arte. E que arte! A arte que grita que "O Museu é o Mundo", que " A Pureza é um Mito" e que o importante é Penetrar e ser Penetrado por essa arte. Tudo é desvendado através das sensações numa "experiência ambiental sensorial limite", como ele mesmo classificava. São sensações físicas ao toque, às emoções que afloram e nos brindam.

Curioso foi pensar nos sons da Mangueira, do morro carioca ou nos primeiros acordes da trupe de Caetano, Gil e cia, de dentro da Cosmococa, refestelada entre colchonetes, imaginar: o que vem depois? Vem os pesados parangolés, recheados de possibilidades ao vestí-los, numa vitoriosa tentativa de aproximar o lúdico do real. As descobertas não cessam. São vídeos, fotos, manuscritos, e um conjunto de elementos para ver e rever.

Os sons revelam um agitação natural entre os visitantes que assim como eu, leigos, porém apaixonados pela arte de H.O., transitam inquietos e causam uma movimentação diferente de outras exposições de arte mais tradicionalistas. Apenas em alguns bólides e seus vidros originais não podemos tocar, no mais, tudo está disponível, à todos.

A exposição ocupa três andares do Itaú Cultural e conta com a valiosa ajuda de monitores.

Prá saber tudo: www.itaucultural.org.br
www.pitoresco.com.br/oiticica/oiticica.htm



Fotos: Divulgação

sexta-feira, 26 de março de 2010







LuluzinhaCamp março 2010
Cozinha da Matilde - S.P.

O que nós queremos?

O grupo é 100% formado por mulheres e voltado para as mulheres, tem encontros trimestrais em várias capitais do Brasil. Em S.P. é liderado por Lú Freitas, idealizadora do evento e acontece na Cozinha da Matilde. Pensar nas questões femininas aos olhos femininos...


Quer saber mais?

http://www.luluzinhacamp.com/
http://cozinhadamatilde.com.br/



Fotos: Gabi Butcher

quinta-feira, 25 de março de 2010

Teatro Oficina









Hoje fui ao Oficina atrás de mais um Penetrável do Hélio Oiticica que, é assunto prá um outro post. Já que não pude fotografar o Penetrável, prá não me deixar frustrada, Mariana, funcionária do Teatro me levou aos camarins... opa! Fiquei sabendo que abril promete uma semana de programação gratuita no Oficina. Não vou perder!

Fotos: Maria Alice Vasconcellos

quarta-feira, 24 de março de 2010

O Paradoxo Sexual - Hormônios, genes e carreira


A autora é Susan Pinker, psicóloga e jornalista do Canadá. Essa obra é polêmica porque incomoda ao dizer que, a biologia é responsável pelas escolhas profissionais das mulheres, explicando e comprovando as diferenças entre homens e mulheres, até então, consideradas como construções sociais. A dúvida que permeou sua pesquisa foi encontrar respostas, sobre o porque, depois de tantas lutas feministas em prol da igualdade de salários entre os gêneros, as mulheres continuam a ganhar menos e persistem na ocupação de cargos menos elevados, em relação aos homens. Segundo ela, "as mulheres nasceram para o conforto e não para a velocidade". Isso explicaria as aptidões naturais dos homens (lê-se, testosterona) para lutar por cargos e altos salários e preocuparem-se menos com o lazer e os prazeres da vida. Essa seria a justificativa para as diferenças no mercado de trabalho entre homens que são programados para o trabalho e o sustento da prole, e as mulheres que, necessitam trabalhar menos, ocupar posições que exijam menos delas e ter mais horas livres para atividades diversas. Seria injusto parar por aqui, sem antes dizer que, para Susan os homens são mais propensos às doenças, apresentam maior número de disfunções de desenvolvimento, enquanto as mulheres são mais saudáveis e com maior capacidade para estabelecer vínculos afetivos. Tal afetividade acaba sendo decisiva quando, na vida madura, as mulheres exercem escolhas voltadas para o bem estar dos filhos e da família, ao invés de intensificarem sua disputa na carreira. Concluindo: as diferenças de sálario e a predominância de homens nos altos cargos do mercado de trabalho tem sua justificativa na preferência das mulheres por trabalhos que exigem uma carga horária menor e sejam de inferior remuneração. Essa escolha é tratada como uma característica biológica e não social. Além disso, haveria uma culpa entre as mulheres que optaram pelos benefícios da carreira de sucesso em detrimento de seus filhos. Para ser uma mulher feliz, é preciso atuar nas diversas esferas da vida, não só a da família, tampouco a do trabalho.

E o que nós, as Más Marias pensamos sobre isso?

terça-feira, 23 de março de 2010

As masmarias da vida...

Se existisse esse vocábulo na língua portuguesa qual você acha que seria seu significado? Eu tenho algumas idéias...

Masmarias: tolices, sandices, preguiça, insultos, calúnias, fofocas, invenja e ...

Aceito sugestões, enquanto isso vou usando o termo aqui e acolá, classificando de masmarias o que der vontade ou achar coerente. Assim nasce um blog com assunto prá quem tiver algo em comum e muito prá reclamar.